segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Participação



A deformação ética revela-se diariamente nas atitudes dos alunos, como esta "participação disciplinar" exemplifica:

«Durante a correcção do teste de recuperação relativo ao módulo 2, o aluno questionou-me sobre uma das respostas, que estava aparentemente certa mas que eu subclassifiquei. Expliquei-lhe o meu critério, dizendo que a classificação daquela alínea estava associada a outra alínea anterior que ele não respondera, pelo que em vez da cotação total (5%) lhe atribui 3. Depois de lhe explicar isto, o aluno insistiu e enquanto eu lhe respondia de novo, dizendo-lhe ainda que tinha usado o mesmo critério para todos os testes, interrompeu-me várias vezes já com tom de insolência, de modo que tive que lhe dizer que se calasse e me ouvisse; aí respondeu que eu não o podia mandar calar, porque ele tinha o direito de falar (por estas ou outras palavras); respondi-lhe, já levantando a voz, que se calasse ele porque eu o mandava calar; disse que não se calava e então mandei-o sair da sala; recusou-se, mantendo uma prosápia ininterrupta; insisti 3 ou 4 vezes para que saísse da sala, mas recusou sempre; então chamei o Conselho Executivo (por telemóvel); a professora do CE apareceu pouco depois e o aluno (na atitude de que fora ele quem tinha reclamado a sua presença) começou logo a dizer que queria queixar-se de mim, após o que saiu acompanhado. A atitude deste aluno é frequentemente de despique, de irreverência e de desobediência, se bem que dentro dos limites aceitáveis; ultimamente, porém – e desde a minha última participação – tem sido quase de escárnio, a dele e a de outros da turma, que fazem comentários entre eles e se riem frequentemente daquilo que eu digo. Por tudo isto – e já falei destas questões directamente com eles – reina na sala um espírito de desautorização que tenho dificuldade em compreender; um pouco a pretexto de tudo, mas sobretudo em desafio ou reacção às notas dos testes (quando não lhes agradam), o alunos têm o desplante de pôr em causa a avaliação que fiz dos seus testes. Ora, note-se que eu forneço a cotação detalhada das questões, bem como a cotação atribuída, para facilitar aos alunos a compreensão dos critérios de avaliação – não para que eles tentem furar o esquema e reclamar por capricho. A atitude deste aluno configura uma falta de respeito e de reconhecimento pelo meu papel de professora e pela minha capacidade profissional que atinge a insolência. A continuação desta atitude é já intolerável, porque já a tentei moderar de todas as maneiras que me foram possíveis. Na impossibilidade de resolver esta situação, peço ao Director de Turma que convoque o encarregado de educação e lhe explique a posição do seu educando, avisando que a nota do módulo 2 que será atribuída ao aluno contempla – como estipulado nos critérios de avaliação da escola e nas fichas de auto-avaliação fornecidas aos alunos – o parâmetro das atitudes».

Os professores, como se sabe, estão diariamente sob avaliação pública; e sempre foi assim. O que hoje falta é boa-educação.

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