Dia após dia o véu que encobre as vergonhas revela um caso mais outro caso: os miúdos são agredidos pelos colegas e calam-se por intimidação; os professores assistem a distúrbios e calam-se nem sei porquê, acossados por não sei que receios, talvez de serem mal vistos - ou de serem mal avaliados? Mas esquecem-se que têm por testemunhas os alunos - e contribuem assim para o descrédito da sua autoridade.
O número de participações disciplinares que recebo já excede a minha capacidade para tratar os conflitos com os intervenientes; os problemas acabam por submergir na avalanche; a impunidade cresce na proporção directa da inoperância dos mecanismos de controle. O ambiente social escolar é cada vez mais agressivo. O desespero dos professores manifesta-se mais agudamente e alguns claudicam.
A incapacidade para resolver os problemas traduz-se agora numa angústia ouvida repetidamente: o que será esta geração quando crescer e o que serão os filhos desta geração? Nada conseguem aprender; por causa do ambiente tumultuoso das aulas, por causa do desinteresse pela aprendizagem, por falta de autoridade dos pais e dos professores. A escola, onde passam de ano somando lacunas e insuficiências, está desvalorizada. Geram-se hierarquias marginais entre alunos, gangs de pressão.
Sabemos que o medo é o pasto dos fascismos.
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