sábado, 24 de janeiro de 2009

Avalização



Um ou dois milhares de gatos pingados frente ao palácio de Belém, contra a avaliação do desempenho docente. A luta esmorece. Na minha escola, não conheço, além de mim, quem se tenha recusado a entregar os objectivos individuais. Noutras escolas, a mobilização é mais fácil, pois foram tomadas posições colectivas de suspender a entrega dos "objectivos individuais".

O absurdo desta avaliação provém, descobri-o só agora, de uma aplicação cega do modelo de avaliação do desempenho na função pública - o chamado SIADAP, publicado em 2005 - às escolas. O "Novo sistema da avaliação da função pública" entrou em vigor em 31 de Dezembro de 2007, segundo o diarioeconomico.sapo.pt (em cache):

« No que diz respeito aos serviços, o SIADAP realiza-se com base nos seguintes parâmetros: objectivos de eficácia, de eficiência e de qualidade, sendo estes objectivos propostos pelo serviço ao membro do Governo de que dependa. A avaliação final pode ser classificada por desempenho bom (atingiu todos os objectivos, superando alguns), desempenho satisfatório (atingiu todos os objectivos ou os mais relevantes) e desempenho insuficiente (não atingiu os objectivos mais relevantes). Pode ainda ser atribuída uma distinção de mérito reconhecendo desempenho excelente, o qual significa superação global dos objectivos. Contudo, este desempenho de excelente só pode ser atribuído a 20% dos serviços de cada ministério».

Mas também na função pública o sistema se tem revelado pernicioso, estimulando a competição, em vez da colaboração, pois precisamente estabelece quotas de Excelentes, Muito Bons e Bons, que permitem progredir na carreira mais depressa. As quotas dividem arbitrariamente os trabalhadores em categorias, em vez de estimular a qualidade através do reconhecimento do seu trabalho. Também aqui os funcionários precisam de definir objectivos anualmente. Um motorista tem que estabelecer, por exemplo, 5000 kilómetros anuais de percurso; e será avaliado a posteriori em relação a esses objectivos que obviamente não dependem dele. Ridículo e inútil. Burocrático e absolutamente desadequado às práticas de uma escola.

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