terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Aceitar a realidade

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Depois de quatro meses a reagir, a negar, a combater e a desmentir os factos da realidade - à luz da memória do que antes era a escola - entrei no "novo ano" com uma atitude diferente: a aceitar que a escola é mesmo isto. Pode até ser (embora me custe acreditar) que nunca volte a ser o que já foi: uma escola acolhedora, estimulante, exigente e alegre. A escola que respirava saúde, juventude e esperança de futuro já não a vejo. A escola enquanto micromundo organizado segundo regras democráticas de convivência e respeito também já não existe.

Aceito portanto que 60% dos meus alunos não se interessa minimamente por estudar e está nas aulas apenas a impedir os outros de aprender. Aceito que - depois de aplicados os "planos de recuperação" àqueles alunos - nenhuma razão poderei invocar para não os fazer transitar de ano, uma vez que foram feitas todas as diligências e esforços para os recuperar e eles evoluíram à medida das suas possibilidades - pelo que, no final do ano, serei "obrigada" por lei a passá-los. Para quê dizer mais?

*Foto: Anschool, de Thomas Hirschhorn, em Serralves (2005). De O que seria a escola.

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