quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ministra mente



Quem ouviu hoje a entrevista da ministra (na RTP1) pôde bem avaliar a sua tenacidade, a sua demagogia de sucesso, a capacidade para dar a volta aos argumentos. Mas há mentiras subtis que só servem - mais uma vez e sempre - para fazer dos professores autênticos bodes expiatórios. Há coisas mínimas que qualquer cérebro regista definitivamente.

Qual foi essa mentira? Só quem é professor a sabe. A ministra disse que até agora qualquer pessoa entrava na carreira de professor sem passar por nenhuma avaliação. Disse-o, com estas ou outras palavras, na entrevista que pode ser revista aqui. Falso. É absolutamente falso.

Para se ser professor sempre foi preciso fazer estágio e ser avaliado, inclusive com aulas assistidas. Hoje todos os professores são profissionalizados. Talvez há 20 anos ainda não o fossem, pois havia carência deles. Hoje muitos profissionalizados estão desempregados. Todos entraram na carreira depois de avaliados em funções pedagógicas.

Apesar de todas as outras "inverdades" que a ministra proferiu, nunca ouvi mentira mais demagógica e injusta. E até a deputada do Bloco de Esquerda, com a intenção de rebater os clichés, os reforçou - quando disse que é errado pensar que os professores não fazem nada. Mas não é errado, é falso. E é improdutivo repeti-lo, porque o que fica na ideia das pessoas é apenas uma atenuante da ideia central que permanece: a de que os professores não fazem nada...

É por estas e por outras que os alunos já não acreditam em nós e nos tratam abaixo de cão. Aguentamos com as culpas de toda a sociedade e somos os bombos da festa dos filhos de todas as "famílias" deste país. Triste vida.

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