quinta-feira, 14 de maio de 2009

Altos e baixos


De manhã cedo, a caminho da escola, encontro uma colega apressada. Seguimos juntas. Diz-me que se deitou às 4 da manhã; eu respondo de acordei às 5 com insónia e me levantei para ir adiantando trabalho. Já na sala de professores, encontro outra professora que se queixa de andar a dormir 3 horas por noite.

Após enfileirar de novo os alunos à porta, a aula de Área de Projecto corre surpreendentemente bem. Eles sabem que vão voltar a fazer colagens e esforçam-se por seguir as regras. Junto-os em grupo, de novo, após 6 meses de quarentena. Ainda não é para fazerem trabalho em comum, é só para aprenderem a partilhar as tesouras e as revistas, e para irem conversando sobre os textos que eu distribuí, com temas de sexualidade. Quando se aproxima a hora do final da aula, começam espontaneamente a apanhar os papeis do chão e a arrumar as mesas. Quando tocam, saem ordeiramente. Fiquei espantada.

Na aula a seguir de 10º ano, o aluno por quem chamara a polícia há 6 meses atrás, resolve reclamar por eu ainda não ter visto os testes (realizados uma semana antes), dizendo que “parecia impossível” que numa escola com muitos menos alunos do que aquela em que antes andou os professores se atrasassem a ver os testes. Respondo-lhe que os professores têm muito trabalho, muitas responsabilidades e muito stress e que os alunos não têm moral para fazer tais críticas, particularmente ele, que faz menos que o mínimo (aludindo por alto ao facto de o aluno não trazer para a aula sequer papel e caneta e dormir frequentemente). 

Aí o rapaz enfureceu-se e começou a vociferar que eu era ainda pior que os outros, que era “inadmissível”, etc. Disse-lhe, sempre com calma, que não admitia que ele falasse assim. Continuou. Disse-lhe que saísse da sala e recusou-se. Repeti a indicação avisando que teria que chamar o CE. Liguei para o número central da escola, mas ninguém atendia. Chamei uma funcionária que passava no jardim e pedi-lhe que me ajudasse. Ela entrou na aula e disse ao aluno para sair. Ele recusou-se. Veio uma segunda funcionária que entrou na aula e insistiu, junto dele e com calma, para que saísse. Mas não se calava e começou a atacar-me verbalmente, dizendo que eu não “regulava bem da cabeça” e, entre muitas outras coisas, proferindo uma frase que recordo bem: «Esta mulher é uma charrada e andava aí a dizer que eu é que era charrado; o que é que ela sabe da minha vida?”

Entretanto liguei de novo para o PBX e tentaram passar a chamada ao CE, mas ninguém estava. A seguir veio um terceiro funcionário, chamado pelas colegas, e de novo a primeira funcionária que trouxe o telefone portátil e o entregou ao aluno para falar com uma funcionária do PBX, que conseguiu demovê-lo e fazer sair.

A aula prosseguiu, mas daí a 10 minutos o homenzinho de 19 anos voltou a entrar, alegando ser o segundo tempo. Disse-lhe que não tinha condições para ficar na aula. Sentou-se e de novo se recusou a sair, dizendo que falara com o Director de Turma e este lhe dissera para regressar à aula. Mandei-o sair e disse que fosse então chamar o DT. Recusou-se. Peguei nas minhas coisas e saí dizendo que ia eu chamar o DT e mandei-os sair da sala. Encontrei o DT, que foi comigo até à sala de novo, onde entrei com os restantes alunos. 

Acabei por dar apenas meia hora de aula, embora com a oposição passiva de todos os alunos, que não leram uma linha do texto que eu trouxera para a aula, o que verifiquei quando, após 15 minutos, comecei a fazer-lhes perguntas sobre o texto.

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