sexta-feira, 15 de maio de 2009

Tourada (2)


Estava a "dar" uma aula de substituição no Centro de Recursos. Um miúdo de 11 anos atira-se com violência a outro, bem mais alto. Suspendo-o pelo braço e levo-o para a sala anexa onde se recebem os alunos "agitados". O miúdo chora de raiva, dizendo que o outro é que começou e que ele próprio não tem culpa. Foge de lá e volta, mas uma professora persegue-o e leva-o de novo.

Daí a um bocado mandam-no de volta e, já mais calmo, amocha numa cadeira a lacrimejar pela face abaixo. Vou lá falar com ele para saber o que se passa. Continua humilhado e profere frases de vingança. Isso não pode ser, digo, se começam a bater-se isso não acaba e magoam-se os dois. «O meu pai vem cá e bate nele». Isso não pode ser, senão vem depois o pai dele e bate em ti, respondo. «E o meu pai bate no pai dele». Isso não pode ser, senão ainda acabam a matar-se uns aos outros, continuo eu. E ele pega na deixa: «O meu pai vai matá-lo». E depois vem o pai dele e mata-te a ti, acrescento. «Quero lá saber!» Então se não te importas de morrer, escusas de chorar, digo-lhe e afasto-me. As lágrimas secam.

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