segunda-feira, 4 de maio de 2009

O boicote



Hoje foi aula de "revisões" para o teste do módulo 4 - Textos Narrativos/Descritivos - da turma de 10º ano do curso profissional de informática. A turma está reduzida a metade daquilo que era no início do ano, pois os que lá andavam apenas a passar o tempo acabaram por desistir de aparecer. Desde início, quando incomodavam, os convidei a sair da sala, dizendo que não estavam no ensino obrigatório. Resultou.

Todavia, a dezena de alunos presentes não presta atenção quase nenhuma, à excepção de dois alunos estrangeiros. Os outros ou dormem ou conversam perifericamente, a maioria não tira apontamentos, nem sequer aqueles que eu escrevo no quadro, e é difícil convencê-los a responder e participar oralmente nas actividades pois estão completamente alheados. Quando os mando fazer um trabalho escrito, como conta para nota, lá o fazem, mas levam meia hora a responder àquilo que podia durar cinco minutos. Enfim, uma perda de tempo enorme. Um boicote sistemático.

E depois, num choradinho recorrente, lá vêm perguntar se podem ainda fazer mais um teste de recuperação, a ver se conseguem passar os módulos atrasados. Não vêem, não entendem, não sabem, não percebem que para passar é preciso saber um mínimo. Não, pensam que talvez um golpe de sorte os safe e estão convencidos - dizem-no mesmo - que eu tenho que lhes dar testes de recuperação até passarem. 

Assim se educa a responsabilidade na escola actual. Os alunos consideram que merecem tudo, só por estarem ali a levar seca. São os pais que os obrigam a estudar, mas os capatazes são os professores. Esperemos então para ver a maravilha que vai ser o ensino obrigatório de 12 anos. É caso para recuperar uma velha frase: vão trabalhar, malandros. 

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