segunda-feira, 11 de maio de 2009

A mãe (2)


Chamam-me ao Conselho Executivo. No corredor, em frente da porta, uma mãe alterada reclama acerca da professora de matemática que na véspera mandou a sua filha sair da sala. Dizem-lhe que deve falar em primeiro lugar com a DT (comigo). Conta-me então que tentou falar com a professora de matemática, que ia a passar, mas que ela lhe virou costas, dizendo que falasse comigo. Explico-lhe que deve falar primeiro comigo, que sou mediadora entre as partes, para evitar que as pessoas entrem em conflito directo, o que não resolverá nada.

Acusa a professora de matemática de ser "malcriada e mal formada". E acrescenta, indignada, que a professora lhe escreveu um recado na caderneta recusando-se a tirar dúvidas à filha. Leio o recado: diz que a aluna está sempre distraída e a conversar na aula, e pede à mãe que fale com a filha para esta mudar de atitude. Mas a mãe insiste e acusa a professora de ser injusta, por ter mandado sair a filha só porque queria tirar uma dúvida e falou sem autorização. Explico-lhe que os alunos não podem interromper os professores, mesmo para tirar dúvidas, que isso prejudica a aula. Que se todos interromperem, a professora não consegue explicar bem. Interrompe-me sistematicamente. Digo-lhe que está a ter o mesmo comportamento que a filha. (Penso: se nem os pais sabem ouvir, muito menos o saberão os filhos instigados por eles ao direito egoísta de falar.) Ela acaba de escrever a reclamação, dirigida ao Presidente do Conselho Executivo. 

No dia seguinte, qual retaliação, manda-me pela caderneta o recado de que não autoriza a filha a ir à visita de estudo, por ser fora do horário escolar. Respondo que essa atitude prejudica consideravelmente a aprendizagem e a atitude da sua filha e esclareço que as visitas de estudo são obrigatoriamente marcadas fora do horário escolar para não prejudicar as aulas. Peço-lhe que reveja a sua posição.

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