sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O 112



Para terminar a semana em glória, tive um aluno de 19 anos do curso profissional que resolveu implicar comigo e falar alto e interromper e mandar bocas sucessivamente. Depois que alguns avisos, disse-lhe que fosse lá para fora fazer o exercício para não incomodar a aula. Instado várias vezes e com bons modos, ele lá se decidiu a ir, sem deixar de continuar a falar alto e a dar show enquanto demoradamente arrumava as suas coisas. Obviamente, quando saiu, marquei-lhe falta disciplinar.

A seguir, houve outro aluno que amuou quando lhe perguntei onde estava a ficha distribuída e que ele metera no bolso de trás das calças, e a quem marquei falta de material por não ter papel nem caneta na aula. Amuou, logo saiu, logo teve falta de presença. Esse foi contar ao outro que eu lhe marcara FD. E pela janela vejo-os aproximarem-se a passo rápido.

A porta estava aberta e eu disse ao primeiro que não podia entrar. Começou aos gritos: que eu não podia mandá-lo embora, que não admitia isso, queria exigia uma explicação, etc. Respondi com calma, não dei explicações porque obviamente não tinha que dar. O aluno vociferava perto de mim, entrou - avançando sobre o espaço onde eu lhe barrava a entrada - e sentou-se. A atitude era intimidatória. Eu liguei para o 112, pedi a "Escola Segura" porque um aluno se recusava sair da aula. Depois pedi à delegada de turma para chamar a auxiliar a quem pedi para avisar o conselho executivo. E veio o Presidente do CE à sala. O aluno barafustou, contou os factos e as queixas, dizendo que eu fora injusta. Quando se calou, o Professor apenas respondeu: «A Senhora Professora deu-te uma ordem, tens que a cumprir. Se queres participar não é aqui que o fazes, falas com o teu director de turma». Fê-lo parecer mal de tal modo que, quando saiu da sala, já pedia desculpa aos colegas. Quando a aula acabou pouco depois, cá fora estava o Presidente a conversar com dois polícias.

O Professor disse-me que deveria primeiro tê-lo chamado a ele, não à polícia. Talvez, mas nunca tal me tinha acontecido (e por motivos irrisórios); uma pessoa assustada e com a cabeça quente não age muito racionalmente. A verdade, porém, é que se o Professor do CE tivesse chegado à aula e o aluno continuasse a recusar-se a sair, a sua desobediência não seria maior do que aquela que teve para comigo. E ele teria que chamar a polícia. Qualquer professor é um professor e a sua autoridade vale o mesmo que a dos colegas. A desobediência a um professor é uma falta grave. Se o aluno não acata a sua autoridade, é preciso chamar uma autoridade maior: as forças da ordem.

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