terça-feira, 28 de outubro de 2008

A sanha da organização



Dantes a burocracia de uma escola concentrava-se na secretaria, para além naturalmente dos cadernos diários dos alunos e dos apontamentos e exercícios elaborados pelos professores. Depois veio uma ministra que decidiu organizar a escola segundo um conjunto complexo de regras, obrigações, relatórios, estatísticas, etc. A mania da organização apoderou-se então do espírito de alguns professores sistemáticos que começaram a traduzir, em cada escola, a carga de instruções em tabelas, esquemas, normas e papeladas infindáveis, que - por força da sua existência - são impingidos aos professores intuitivos e se tornam norma interna.

Assim, na minha escola, aquilo que se designa por avaliação qualitativa foi literalmente transformado em quantidades. Por exemplo: na avaliação intercalar diagnóstica do 1º período, há 4 parâmetros de avaliação: a) conhecimentos e competências; b) participação na aula; c) atitudes e valores; e d) TPC. A cada um destes aspectos, cada professor atribui NS (não satisfaz), S (satisfaz) ou SB (satisfaz bem) para cada aluno. Depois, segundo uma tabela abstrusa com 81 arranjos possíveis, faz-se a média destas qualidades para atribuir uma qualidade global. Isto é a perversão total do que seja uma avaliação qualitativa. Mas dá jeito para fazer estatísticas.

O excesso de organização, trâmites e regras arbitrárias redunda em desorganização completa. Os professores são obrigados a navegar num mar de regras que conhecem mal e que perderam qualquer relação ao real: à escola e aos alunos.

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