segunda-feira, 2 de março de 2009

Senso comum



Vontade. Não é possível ensinar quem não quer aprender. A bondade do sistema de ensino básico "obrigatório" pressupõe que os alunos desejam aprender; e se isso já foi assim, em tempos recentes, hoje tal não acontece. Para aprender é preciso motivação; a motivação depende de dois factores: a) reconhecer o valor da escola; b) obter a recompensa do esforço.

Desmotivação. Se os alunos passam de ano automaticamente, mesmo sem se esforçarem ou sem saber, é evidente que, por experiência própria ou a exemplo dos colegas, no ano seguinte, farão o menos possível. Mas sem um pequeno esforço, nem que seja apenas a vontade, não pode haver aprendizagem. A desmotivação de uns serve de exemplo aos demais.

Heterogeneidade. A lei preconiza, tentando evitar discriminações, que uma turma escolar deva ser heterogénea; o que pode acontecer em vários aspectos: misturando sexos, idades, níveis económicos, origens sociais, credos, culturas e até alunos um pouco melhores e alunos menos bons. O que não pode é ser demasiado heterogénea a nível do grau de aprendizagem dos seus alunos. Mas o preceito da homogeneidade tem sido tomado em absoluto; assim existem grandes resistências à criação de turmas de nível, como se isso fosse criar um novo classismo.

Progressão. O conceito de turma ou classe implica uma necessária, embora relativa, homegeneidade a nível das aprendizagens, sem o que é impossível progredir. Se a maior parte da caravana puxa para a frente, os outros vêm arrastados; mas se a maior parte puxa para trás, ninguém consegue avançar. Assim, visto que o sistema actual de avaliação "preconiza" a progressão de todos os alunos, então será necessário que eles sejam escalonados - em turmas de nível - consoante as aprendizagens feitas, sob pena de ao ensino em colectivo se tornar impossível.

Descrédito. Se a escola e os professores não avaliam as aprendizagens - como lhes cabe - deixam de ser valorizados pela sociedade e perdem o crédito indispensável para serem referência e modelo. Quando os pais em casa dizem mal da escola, é certo e seguro que os filhos não conseguirão aprender; quando a ministra da Educação toma a mesma atitude, promove o descrédito da escola e a sua ruína, como se tem verificado nos últimos anos.

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