quinta-feira, 12 de março de 2009

Instantâneo


Fui para a sala antes de tocar, para preparar a entrada organizada dos alunos. O buraco na porta estava a pedir uma foto a que não resisti. Preparei a máquina, apontei ao buraco, foquei e eis que surge o intruso, tão surpreeendido como eu: disparei.

Espero não vir a ter problemas por mostrar uma cara fotografada. Hoje em dia, tudo é confuso. «Desde que, em 1999, apareceu o concurso Big Brother, as pessoas começaram a tomar consciência de que o real pode ser manipulado a desfavor dos seus actores. Depois veio o 11/9 e a paranóia da suspeita e da vigilância. O crescimento imparável de câmaras de vigilância, primeiro, e em seguida das câmaras de telemóveis, introduziu a noção desconfortável de que a imagem de cada um é passível de ser apropriada. Hoje, acho cada vez mais difícil filmar ou fotografar as pessoas. Todas se retraem ou reagem mal. As pessoas perderam a inocência. Inúmeras vezes dizem que não querem ser filmadas e eu deixei de me sentir confortável na pele de documentarista. Chega a apetecer às vezes filmar nas costas das pessoas um filme sobre as costas das pessoas» (escrito em 2005 no meu blogue Doc Log ).

1 comentário:

Jorge N. disse...

Excelente...a foto e o blog todo. Parabéns.