terça-feira, 24 de março de 2009

Rotina (3)



Ao fim de seis meses de estratégias dissuasoras, persuasoras, explicativas, apelativas, sancionatórias, exaltadas, subtis e outros diversos reforços positivos e negativos, os alunos do 7º ano continuam a não saber estar calados e a não pôr o braço no ar para pedir a palavra. As aulas são a habitual praça pública, onde ninguém se cala e tudo pode acontecer. Raramente consigo terminar uma frase sem ser interrompida - e note-se que uso frases curtas. Mesmo que estejam calados, os miúdos não ouvem, porque estão distraídos. O que eu digo ou faço, ou peço ou mando, tem para eles valor nenhum.

Hoje acabei a aula com um sermão (que eles detestam ouvir): "Está à vista que a maior parte da turma não sabe ler bem; mas estão aqui para aprender e para não serem analfabetos; porque o pior que há é ser ignorante e ser enganado pelos outros; quem não sabe ler, assina sem perceber e é facilmente enganado"...

Diz-me uma professora que no 7º ano é mesmo assim, e que só no 8º ano é que eles acalmam e entendem as regras básicas de uma aula. Eu pergunto-lhe por que é que não aprenderam isso antes. Encolhe os ombros.

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