segunda-feira, 27 de abril de 2009

Inferno futuro


Agora que concorri para outras escolas onde só haja ensino secundário, numa fuga declarada da indisciplina do ensino obrigatório, o governo anunciou o ensino obrigatório de 12 anos... Não está em causa o acesso ao ensino, que é um direito de qualquer cidadão. O problema é que torná-lo obrigatório para quem não o deseja, não o suporta nem é capaz de o fazer, é aumentar "o inferno que estamos a viver" na escola. 

Realmente, não há nada como o trabalho para ensinar a responsabilidade. A escola - hoje - não ensina nada disso. A medida poderá disfarçar o desemprego, talvez, mas por 3 anos só. Depois o efeito será explosivo. Jovens irresponsáveis, analfabetos, mimados em tiranetes, maiores de idade mas infantilizados, revoltar-se-ão e começarão a partir tudo, como já se viu nos subúrbios de Paris, nas ruas da Grécia e agora nas universidades francesas.

O cinismo máximo vem, mais uma vez, da Ministra, que considera que os professores que existem chegam perfeitamente para os mais 30 mil alunos que o sistema deve acomodar. E diz ela que "confia nos professores". Agora é tarde, minha senhora, para o dizer. Mas é prudente, porque quando a coisa rebentar já se saberá que a culpa é desses mesmos. É de chorar. 

Talvez os tais "peritos" de ensino público, que os governantes vão consultar depois de ter decidido a medida eleitoral, lhes expliquem como encher mais chouriços com a mesma máquina. É revoltante a arrogância destes pedagogos de secretaria que não querem ouvir as evidências do saber de experiência feito. 

P.S. Na Europa, há só cinco países com escolaridades obrigatória até aos 18 anos (dados do ME, divulgados pelo blogue MUP).

Sem comentários: