terça-feira, 21 de abril de 2009

Autoscopia (4)


A mesma aula, agora aos 56 minutos. Os alunos fazem um exercício e a professora circula pela sala esclarecendo dúvidas. Vários alunos se levantam. Uns acabam o trabalho mais cedo e começam a conversar, outros pouco ligam,  a maior parte não se interessa muito nem se esforça. Começa o caos sonoro. 

O segundo fragmento decorre aos 66 minutos, sem que eu possa aperceber-me da cena de "pugilato". O terceiro fragmento passa-se aos 72 minutos: grito para os fazer baixar o volume de som. Ainda falta mais de um quarto de hora, nos quais será difícil acalmá-los para corrigir o exercício colectivamente.

Este é o clima em que decorre a maior parte das minhas aulas nesta turma, sobretudo quando são já na parte da tarde. Quem inventou as aulas de 90 minutos (em vez dos antigos 50) estava a pensar em alunos-modelo ou nunca deu aulas. É praticamente impossível manter atentos e sossegados 24 adolescentes durante tanto tempo. A capacidade máxima de prestar atenção seguida seriam 25 minutos, segundo estudos antigos (que já não posso citar). Em contextos disciplinados, pois, o que não é o caso. Além disso, os miúdos desta idade têm uma necessidade imperiosa de se levantar, de correr e de interagir. Mas, como os intervalos são poucos e o tempo de liberdade e ar livre também, estão sempre em ansiedade hiperactiva.

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