terça-feira, 23 de setembro de 2008

O fim da alegria



A chamada Ocupação Permanente dos Tempos Escolares - OPTE - são as substituições: falta um professor, chama-se outro para tomar conta da turma naquele período de tempo. Há uma "bolsa" permanente de professores disponíveis para tomar as rédeas de turmas que não conhecem, a quem não têm nada para dar a fazer, senão uns joguinhos, uns dedos de conversa, umas fichas de cidadania, qualquer coisa. Os alunos têm má vontade, os professores boa não têm, mas obedecem às ordens do ministério.

Haverá momento mais feliz na escola do que aquele em que falta um professor? Todos sabemos que não. Todos sabemos que os alunos gostam da escola sobretudo pela socialização e que, para um adolescente, o mais importante são os amigos. Dantes eram livres de ir para o jardim conversar, brincar, correr, enfim, gastar aquela energia imparável que é própria dessa idade. Tudo aquilo que faz parte da sua aprendizagem vital e crescimento saudável. Agora só podem conviver com os amigos nos escassos intervalos de 10 a 20 minutos e na hora de almoço. Todo o seu tempo está regulado. Não têm escapatórias, momentos de excepção, um pouco de aventura. Estão programados para terem um professor em permanência a dar-lhes fichas ou sermões. Em vez de voltarem à sala de aula com as energias gastas e vontade renovada de trabalhar, chegam à aula seguinte eléctricos, dispersos, fartos, desrespeitadores. Quem aguenta é o professor que se segue.

Os professores são esvaziados da sua função de ensinar com pertinência e dentro de um limite de tempo aceitável. Agora parecem estar ali para impedir os jovens de manifestar a sua vitalidade e alegria. Afinal, se falta um professor, qual é o problema de dar folga aos alunos? Não devia ser nenhum. A OPTE é anti-pedagógica, é preciso dizê-lo.

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